PARA REFLETIR

domingo, 9 de agosto de 2009

A CIÊNCIA IDIOTA DA POLÍTICA. SERIAMOS NÓS OS BRASILEIRO OS VERDADEIROS IDIOTAS?


A CIÊNCIA IDIOTA DA POLÍTICA

Texto de Luis Felipe Pondé*


"NO DIA 25/5 escrevi nesta coluna que a democracia corre o risco de ser refém dos idiotas e de sua mecânica invejosa e medíocre, além de seu desejo meloso pela felicidade. Regime baseado na soberania popular, a democracia entende a "verdade como opinião pública". Daí o risco da tirania dos idiotas. Fui afogado em e-mails. Não sonho com o impossível: não conhecemos regime melhor. Todavia, típico do idiota é assumir que por isso devemos ter com a democracia a atitude que católicos, por exemplo, têm com a virgindade de Maria. Melhor acreditar na virgindade de Maria do que na santidade da democracia.

Na democracia moderna, a associação entre soberania popular e opinião pública implica na transformação do marketing em ferramenta essencial da ciência política democrática. Isso se manifesta na crescente tendência de checarmos esta soberania perguntando o que "o povo pensa". E aí, surge a ciência idiota da política.

Leitores pedem exemplos. Uma regra geral, e triste, é que se você for pessimista com o mundo, normalmente você fará uma ciência quase exata do mundo. Quer ver?

Recentemente esta Folha checou a opinião pública com relação ao chamado "terceiro mandato" do Lula. Deu quase empate. Normalmente, a posição pró-terceiro mandato vem regada a ideias do tipo "ele é igual a mim, um pernambucano ou nordestino" (no meu caso, sendo pernambucano como sou, bem que poderia pensar o mesmo, ainda bem que não penso). Fala o idiota diante do espelho: "Se um pernambucano ex-pobre é presidente, e se sou eu um pobre e/ou nordestino, logo sou também um pouco presidente".

Outra possibilidade é: "Ele está ótimo como presidente, que continue sendo". A ideia de fundo é: "Não se mexe em time que está ganhando" (sem entrar no mérito técnico se estamos ganhando ou não). Aqui, o erro do idiota é confundir um suposto "bom presidente" com "se é um bom presidente, que continue sendo". Ou, também horrível: "Deixem o ex-pobre continuar mandando porque ele é mais próximo das massas do que um sulista rico e, portanto, ele tem um coração unido às massas". Morro de medo do coração das massas. Ali, onde está a multidão, está a mentira. Muitos sentimentos juntos são sempre falsos.

Pessoas inteligentes que pensaram seriamente a democracia moderna sabem que uma forma razoável de evitar que governos façam do país seu quintal é impedir que eles fiquem tempo demais no poder e isso (preste atenção, leitor) nada tem a ver com o governo em questão ser bom ou não, ou o presidente "ser um cara legal ou não". Qualquer pessoa que seja a favor de um terceiro mandato do Lula o é, ou por má-fé (porque participa da "máfia democrática" que manda no quintal), ou por ser um idiota. Provavelmente, neste último caso, ele tem sonhos eróticos com a Venezuela do ridículo ditador Chávez e seus anões bolivarianos ou com a "monarquia popular" do Fidel. Ou ainda está perdido em assembleias de alunos da PUC-SP ou da USP que não gostam de assistir a aula.

Não se compara o parlamentarismo (inglês, por exemplo) com o presidencialismo. Este corre maior risco de cair na armadilha personalista e populista do executivo inflado. Aquele amarra a permanência do primeiro ministro às eleições legislativas e à dinâmica parlamentar, o que "pulveriza a autonomia" do governo.

Esta ferramenta de exclusão do "governo contínuo" funciona como recurso preventivo. Mas preventivo contra o que, exatamente? Contra o fato de que qualquer presidente que tiver poder por muito tempo e sobre muita gente corre o risco inexorável de se perder. Mesmo se você for cheio de bons sentimentos, você fará do mundo a sua volta um inferno para quem estiver no seu caminho. Com o tempo, você montará esquemas com pessoas que lhe são fiéis, criará estruturas minúsculas de coerção invisível, apodrecerá a máquina administrativa com seu mau hálito matinal.

Normalmente quando idiotas respondem a pesquisas de opinião eles pensam a partir de seu "mundinho de estimação". O horror supremo para o idiota é aceitar que para a democracia funcionar ela tenha que estar sempre na condição de imperfeita e dividida, portanto, impedida de incorrer na suprema tentação de se achar instrumento sólido do bem na terra. Sua missão é dividir, dispersar, enfim, fragmentar o poder, porque o poder político, quando não esmagado por tensões e contradições internas, é sempre mau.

* Filósofo e psicanalista, doutorado em Filosofia pela USP/Universidade de Paris e pós-doutorado em Epistemologia pela Universidade de Tel Aviv. Atuou como professor convidado nas universidades de Marburg (Alemanha) e de Sevilha (Espanha). Atualmente é professor do programa de pós-graduação em Ciências da Religião e do Departamento de Teologia da PUC-SP, da Faculdade de Comunicação da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) e professor convidado da pós-graduação de ensino em ciências da saúde da Universidade Federal de São Paulo e da Casa do Saber.

Fonte: Folha de São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009. Para assinantes clique aqui.


MINHA OPINIÃO:

Os acontecimentos políticos da última semana me deixaram com a sensação que estamos caminhando de volta à ditadura. Ao regime ditatorial, mas o pior de tudo, de forma pacífica e incontestável.

Isso me assusta, sinceramente, independente de quem seja o vilão da vez, minha preocupação é com a idéia de democracia que o brasileiro tem. Essa alienação em massa em torno da imagem do Presidente Lula me deixa estupefata.

Fazendo uma analogia bem ‘chinfrim’ acho nosso senso de julgamento bem aquém das nossas necessidades. Um povo que acredita que o ator/cantor/badboy Dado Dolabella no reality show A Fazenda (Rede Record) é o mocinho não pode ter condições de julgar as ações praticadas em nosso cenário político. Impressiona como as pessoas esqueceram o que o rapaz já aprontou aqui fora, resolvendo alçá-lo ao título de príncipe encantado. Convenhamos, isso é, no mínimo, ridículo. Não que ele não possa se restabelecer, etc., mas daí a mantê-lo na disputa do programa que leva em consideração as qualidades das pessoas quanto à convivência com os demais é demais! E falar sobre isso no campo político é bem mais complicado.

Como podemos aceitar que o Presidente da Nação saia em defesa pessoal de um político que está sendo acusado de inúmeros atos condenáveis? Como este mesmo presidente mobiliza os políticos e partidos de maior relevância para montar a chamada "tropa de choque" cujo objetivo maior é "blindar" o Presidente do Senado? Enfim, independente do contexto, o que é certo é que o brasileiro não tem maturidade de julgamento, considerando que não consegue enxergar que é vítima de uma manipulação escancarada.

Fechando este parêntese tenho q dizer q me sinto desta forma quando o assunto é Luis Inácio Lula da Silva: percebo o fenômeno de alienação em massa. Tudo o que ele faz ou fala ganha uma proporção midiática incomensurável. As pessoas interpretam da forma mais benéfica possível, se distanciando, cada vez mais, da realidade nua e crua.

Voltando ao assunto: “DEMOCRACIA” X “DITADURA”.

Segundo o Aurélio, DEMOCRACIA é “doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição eqüitativa do poder, ou seja, regime de governo que se caracteriza, em essência, pela liberdade do ato eleitoral, pela divisão dos poderes e pelo controle da autoridade”

Podemos definir DITADURA como “regime político em que o governante (ou grupo governante) não responde à lei, e/ou não tem legitimidade conferida pela escolha popular”.

Logo eu concluo que não sendo muito extremista, enxergo características ditatórias em nosso governo atual, onde o Presidente Lula tem atendidas todas as suas vontades, passando ao povo a imagem de que tudo está muito bem e tende a melhorar em plena crise econômica mundial nosso país é o único que consegue a proeza de não ser atingido pela recessão. Se você acredita, eu não!

FIQUE DE OLHO!!!

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