PARA REFLETIR

domingo, 7 de junho de 2009

O AUXÍLIO-MORADIA DE SARNEY. CULPA DE QUEM RECEBE OU QUEM PAGA?


O AUXÍLIO-MORADIA DE SARNEY É MAIOR QUE A RENDA PER CAPITA DO MARANHÃO

Por Augusto Nunes em 31 de maio de 2009


Ninguém provido de cérebro estranhou a notícia de que, embora esteja assentado na residência oficial do presidente do Senado e tenha uma casa em Brasília, José Sarney figura na lista dos premiados com o salário-moradia, que a cada mês engorda em R$ 3,8 mil a conta bancária dos pais da pátria. Aquela frase sobre a liturgia do cargo foi só uma frase. Espantosa é a declaração forjada pelo ex-presidente da República para justificar mais um brasileiríssimo absurdo.


“Peço desculpas pela informação errada que dei”, começou Sarney, que dois dias antes negara a verdade documentada. “Eu nunca pedi auxílio-moradia e, por um equívoco, a partir de 2008, segundo me informaram, estavam depositando o valor na minha conta”, avançou a procissão de vírgulas arquejantes e sujeitos indeterminados.

Nunca pediu auxílio-moradia? Nem poderia ter pedido: a boca-livre foi revogada há tempos. “Por um equívoco”, alegou Sarney. Quem se equivocou? “A partir de 2008″. A partir de que mês? Dezembro? Ou janeiro? “Segundo me informaram”. Quem informou? Quais pessoas informaram? “Estavam depositando”. Quem estava? “O valor”. O feliz depositário acha dispensável explicitar a quantia?

Na forma, a declaração não honra um imortal da Academia. No conteúdo, sugere que o político José Sarney, e é esse o lado espantoso da história, descolou-se de vez do Brasil real — e, sobretudo, da capitania que domina há 50 anos. Em 2008, a renda per capita do Maranhão ficou pouco acima de R$ 3 mil. Só com o auxílio-moradia, o morubixaba ganha a cada mês bem mais do que um maranhense comum demora um ano para juntar.

O que para Sarney é uma ninharia, incapaz de chamar-lhe a atenção quando entra na conta bancária, é para os outros o preço da vida que é possível ser vivida.



MINHA OPINIÃO:

O AUXÍLIO-MORADIA DE SARNEY. CULPA DE QUEM RECEBE OU QUEM PAGA?

Então, sei que o assunto já é passado, mas não podia deixar de tratar aqui. Eu acho bem possível a "desculpa" do Senador Sarney ser verdadeira, pois como pode um cidadão com o patrimônio que o mesmo amealhou durante várias décadas exercendo cargos de grande poder político nacional, ter conhecimento de todos os valores depositados em sua conta?

Este cidadão, diferente de mais de 90% dos brasileiros, não precisa controlar seus gastos, tampouco seus lucros. E não seria errado afirmar que ele realmente desconhecia a existência daquele valor, quiçá sua origem. É pedir demais para um político do alto escalão nacional controlar pessoalmente suas finanças.

Quanto a isto entendo ser possível e cabível, sinceramente.

Criticar o valor do auxílio-moradia do Senado é entrar no mérito da nossa legislação, que assim estabeleceu, então nada melhor que cobrarmos a reforma nesta legislação, pois não adianta ficarmos lamentando quem ou por que se recebe. Muito menos comparar tal valor a renda per capita, neste caso do Maranhão, mas acho que de todo o país.

Em síntese, é um verdadeiro absurdo o valor atribuído como auxílio-moradia a um Senador quando o comparamos com a realidade do povo que o elegeu.

O que não consigo conceber é o funcionamento da máquina administrativa pública de nosso País. Como pode o Presidente do Senado, que dispõe de Casa Oficial paga pelos nossos impostos à sua disposição (e, neste caso, de seus familiares e amigos), receber auxílio-moradia? E aqui reitero o que penso: O Senador não deve mesmo ter solicitado tal benefício. Mas, mesmo não sendo o Presidente da Casa, mas sendo declaradamente proprietário de imóvel em Brasília, como o mesmo cidadão pode receber benefício específico para os políticos que não o tem?

Cabe a alguma das famosas diretorias do Senado determinar, ou melhor, analisar em quais casos são cabíveis o recebimento deste benefício? Às vezes, e na maioria dos órgãos públicos, quem o faz é o Setor de Recursos Humanos, pois é quem tem competência para isso. Deixo a dica para eles...

Então, no contexto da situação tão explorada, resta-nos questionar: De quem é a culpa sobre o pagamento/recebimento de benefícios públicos? Quem recebe ou quem paga?

O caso do Senador Sarney só expõe mais a fundo a ferida existente na máquina burocrática das nossas instituições, fazendo-se necessária a sua reforma imediata, pois muitos devem receber diversos dos benefícios permitidos por lei, mas não aplicáveis em cada caso
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FIQUE DE OLHO!!!

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