PARA REFLETIR

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

SARNEY NÃO É O DONO DO PALANQUE DE DILMA NO MARANHÃO


Dilma, Jackson, Roseana e o Maranhão


Transcrevo aqui, para conhecimento de todos, um trecho da matéria do jornal O Globo sobre o encontro entre Dilma Roussef e a direção do PDT, ontem. Trata-se do caso do Maranhão. Lá, como se sabe, existem implicações eleitorais sérias criadas pelo apoio dado por José Sarney.

Afora a questão de “lista de exigências” – não se começa conversas civilizadas assim – , o registro está feito com absoluta correção, pelo que o reproduzo abaixo.

(..)A principal reivindicação dos pedetistas foi que Dilma suba ao palanque de Jackson Lago, ex-governador do Maranhão que foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder econômico nas eleições de 2006. Lago é inimigo político da família Sarney.

No almoço, que ocorreu na residência da ministra, ficou acertado que Dilma terá palanque duplo no Maranhão: o de Lago e o da governadora Roseana Sarney (PMDB), que assumiu o governo após a cassação do ex-governador. Dilma afirmou que isso não seria problema, e lembrou que Lago foi seu companheiro de PDT.

– O partido disse que não poderia ficar desmoralizado no Maranhão. A ministra Dilma disse que não teria dificuldade nesse ponto, e assumiu o compromisso de subir no palanque de Jackson Lago – informou o deputado Brizola Neto (PDT-RJ).

No Maranhão, o PT deverá fechar apoio à governadora Roseana Sarney (PMDB), mas o PDT não quer Dilma só no palanque da peemedebista. Os pedetistas lançarão o ex-governador Jackson Lago, que, cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deu lugar à Roseana. “Se a ministra subir no palanque da Roseana, vai ter que subir no nosso também”,sublinhou Dagoberto Nogueira (MS), líder do PDT na Câmara. “A governadora golpista não pode ter tratamento privilegiado”, afirmou o deputado Brizola Neto (PDT-RJ), que também esteve no almoço.

A reunião em Brasília serviu para formalizar o apoio do PDT a Dilma e traçar um cenário dos 27 estados. O Paraná e o Maranhão são as duas principais apostas do PDT.



PALAVRA DA VELHA:


Transcrevi acima trechos do texto publicado no blog do Brizola Neto para mostrar a quantas andam as negociações e conchavos políticos para 2010 que nos afeta diretamente.

Como todos os maranhenses sabem o cenário político aqui é bem diferenciado dos demais estados. Aqui Lula tem um grande imbróglio que pode tumultuar a tão midiática campanha da Ministra Dilma Roussef .

Só no Maranhão (ainda curral dos Sarney, não pela vontade do povo, mas pelo poder de barganha) o Presidente se vê numa situação que chega a ser vexatória: como deixar de apoiar o Governador Jackson Lago, líder da oposição ao coronelismo que Lula tanto condenava, para apoiar a filha do Coronel responsável pela devastação do Estado do Maranhão?

Bem, fazer isso na política é fácil e já vimos o Presidente faze-lo em 2006, ao vir ao Maranhão fazer um comício desesperado no final do 2º turno na vã tentativa de mudar o cenário daquela eleição. Vã tentativa...

Agora o cenário é outro: o Presidente Lula, que detém de carisma e popularidade intranferíveis, não é o candidato, e assim não sendo ele tem que buscar voto, e quanto a voto o Maranhão já provou que não está mais no cabresto. Agora nos resta assistir os próximos capítulos e nos indagar: Será que em 2010 Lula subirá ao palanque de Roseana Sarney com a mesma desenvoltura que o fez em 2006? É esperar para ver...

FIQUE DE OLHO!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

JOSÉ SARNEY, UM HOMEM PREVISÍVEL. ATÉ QUANDO DEIXAREMOS A PREVISIBILIDADE DA CORRUPÇÃO NOS DOMINAR?


SARNEY, O INCOMUM
Por Mary Zaidan


O presidente Lula tinha razão quando disse que o senador José Sarney “não podia ser tratado como se fosse uma pessoa comum”.

De fato, ele não é. O cidadão comum costuma ser mais digno. Trabalha duro para ganhar o pão de cada dia, paga impostos, segue as leis. E, quando não o faz, o custo é caro.

De Sarney nada se exige. Continua ileso, impune, mesmo depois da série infindável de malfeitos – atos secretos, nepotismo, desvios de recursos de patrocinadores de sua fundação para empresas de sua família, e outros tantos mais.

E não tem qualquer constrangimento em pregar “transparência, moralidade, eficiência e trabalho”, procedimentos éticos que, segundo ele, devem nortear a conduta do Parlamento. Deveriam mesmo.

Mas Sarney está a anos luz de distância desses princípios, que, se são caros para a maioria das pessoas comuns, parecem de nada valer para o presidente do Congresso Nacional e boa parte de seus pares.

Salvo pela comoção provocada pela presença vigorosa do vice-presidente da República José Alencar, Sarney não teve holofotes na abertura do ano legislativo de 2010, na última terça-feira.

Pouco ou quase nada se cobrou de seu discurso – uma peça de ficção de terceira categoria, motivo de vergonha adicional para a Academia Brasileira de Letras, que se desmerece a cada dia em tê-lo entre seus imortais.

No pronunciamento, Sarney mais uma vez zombou de todos nós.

Teve o desplante de repetir parte do discurso que fizera em 1995, quando pela primeira vez abriu um ano legislativo: “Assumi o cargo de presidente não em um momento de glória, mas numa fase em que a instituição atravessa profunda crise de identidade, exposta a permanente crítica e censura.”

Ora, de lá para cá foram 15 anos em que Sarney contribuiu decisivamente para espalhar a lama em que o Parlamento chafurda dia pós dia.

Em outro trecho, Sarney lembra com alguma nostalgia do tempo em que os parlamentos tinham um “charme romântico” e eram “tocados pela palavra, pelo delírio e pelo encantamento dos belos discursos dos oradores”.

Acrescenta que ainda somos dominados por essa visão e que, infelizmente, a sociedade sempre vincula o Congresso ao plenário. “O Congresso é muito mais. É fiscalização.” Como se a tarefa de fiscal do Executivo desobrigasse os parlamentares de comparecer ao local de trabalho.

Mais adiante golpeia duramente a democracia ao afirmar que sem Parlamento forte não há democracia forte. A frase de efeito seria só um enfeite ao discurso.

Mas, na realidade brasileira, onde a Câmara dos Deputados e o Senado Federal são reféns do Executivo e nem mesmo se dão o luxo de parecerem sérios, soa ameaçadora se tomada ao pé da letra.

Para justificar seus desvios de conduta, Sarney insiste em transferir à instituição problemas que são seus, e anuncia, sem qualquer lastro ou exemplo, que no mundo inteiro os parlamentos enfrentam contestação de legitimidade. (Onde mesmo? Que parlamentos estão em cheque?)

Faz de conta que não sabe, assim como fez com os atos secretos em que nomeou parentes e permitiu dezenas de estripulias com o dinheiro público, que o repúdio popular não é ao Legislativo, mas a ele e a outras excelências que não se cansam de abusar da confiança daqueles que lhes outorgaram o mandato.

Mais surreal ainda foi ouvir Sarney ressaltar a “identificação inseparável com a imprensa”.

Como se jamais tivesse cerceado o trabalho de jornalistas; como não fosse seu filho Fernando o protagonista da ação que impingiu censura prévia ao jornal O Estado de S. Paulo, derrotado na primeira instância judicial por um desembargador do Distrito Federal que desfruta da amizade e dos favores do senador amapaense.

Com aval do STF, a pendenga continua até hoje, somando quase duas centenas de dias de censura.

Ao citar Carlos Castello Branco - um ícone no jornalismo brasileiro –, Sarney conseguiu os únicos aplausos, abafados pela repetição da tese avessa que expôs meses atrás durante a comemoração do Dia Internacional da Democracia, de que a mídia disputa o poder da representação popular com o Parlamento.

Na época, chegou a acusar a mídia de ser “inimiga das entidades representativas”. Só mesmo Sarney seria capaz de revelar tanto desprezo pela democracia e fazer tamanha chacota dela.

Mas o trágico discurso solene não parou por aí. No final, como manda o figurino, fez loas ao presidente Lula e, sem cerimônia, reafirmou sua completa subserviência ao protetor maior, jogando no lixo a equidade entre os três poderes.

Sarney não é mesmo uma pessoa comum. Os comuns, felizmente, são muito, mas muito melhores do que ele.

*Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'.


PALAVRA DA VELHA:

Esse texto traduz o meu sentimento de repulsa e indignação ante as ações esdrúxulas e maquiavélicas cujo único objetivo é minar a democracia no país, praticadas pelo Senador José Sarney, que tanto envergonha nosso Estado.

Espero, sinceramente, que o ano que começa seja o marco de mudança em nosso Estado e que o povo, apesar de massacrado e dominado, consiga expor e transpor suas ideias e vontades, para que seja possível o início da jornada necessária para atingir nossa liberdade plena.

FIQUE DE OLHO!