PARA REFLETIR

quarta-feira, 24 de junho de 2009

REPORTAGEM DA VEJA: VISÃO DOS ESTUDIOSOS. E A SUA?


COM O REI NA BARRIGA


Ao dizer que Sarney não pode ser tratado como um homem comum, Lula reverbera a mentalidade colonial que ainda resiste nas regiões mais atrasadas do país

Thaís Oyama
Lailson Santos

"No estado democrático moderno brasileiro, a elite política já não coincide necessariamente com a elite econômica – e o presidente Lula é o exemplo mais evidente disso. Mas o ideário dos políticos como homens distintos e merecedores de privilégios, que caracterizava a elite econômica no passado, continua arraigado na mentalidade da categoria." Demétrio Magnoli, sociólogo


Ao sancionar a desigualdade perante a lei com uma frase ("O Sarney tem história suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum"), o presidente Lula, além de ferir o princípio constitucional previsto no artigo 5º, fez o Brasil recuar quatro séculos: ressuscitou a ideia de que é legítima a existência de uma classe merecedora de privilégios, passou a mensagem de que aos políticos cabe apenas beneficiar-se do poder e reabilitou o velho sistema de compadrio segundo o qual mãos poderosas devem lavar-se umas às outras. "É inconcebível o mais alto magistrado da República negar o componente mais básico do modelo republicano, que é a igualdade entre os cidadãos", afirma a professora de filosofia Maria Sylvia de Carvalho Franco.

A divisão entre uma classe superior de cidadãos e outra inferior está no núcleo da formação da sociedade brasileira e, a despeito de todos os avanços, ainda representa um quisto obscurantista nas regiões mais atrasadas do país – como o Maranhão de Sarney, como a Brasília dos políticos. Antes mesmo de dom João VI aportar no país, trazendo em seus baús o modelo do estado absolutista, o sistema de capitanias hereditárias já previa a diferenciação entre os cidadãos "comuns", que não tinham riquezas, e os cidadãos "incomuns", aqueles que haviam recebido terras do rei – os chamados "homens bons".


Ao dizer que Sarney não pode ser tratado como uma pessoa comum, Lula ecoou, portanto, uma mentalidade colonial. O tirocínio político do presidente não dá margem para que se pense que seu discurso infeliz foi desprovido de cálculo. "Lula deve muitos favores a Sarney", lembra o cientista político David Fleischer. O PMDB apoiou o governo em momentos cruciais, como no escândalo do mensalão e no episódio dos aloprados. Lula, por motivos simétricos, agora estende o braço na direção de um de seus caciques mais poderosos – ainda que para isso tenha de arrastar o Brasil para as trevas do passado.


"Com essa declaração, Lula mostra que não sabe mesmo o que significa ser presidente da República. Por definição, todo cidadão de uma República democrática é um ser comum, independentemente de ser senador. Mas, no fundo, o que o presidente quer sinalizar com essa frase é que há indivíduos que, como ele, estão acima da lei e da República." Roberto Romano, filósofo




"Ao dizer que Sarney está sendo vítima de um processo de denúncias que ‘nunca dá em nada’, o presidente evoca certo ceticismo popular em relação à política e o utiliza como contra-ataque a uma ação concreta de investigação. Ele se vale de um argumento que encontra eco na população. Lula conhece muito bem a alma popular." Bolívar Lamounier, cientista político Fabiano Accorsi






MINHA OPINIÃO:


Pessoalmente digo que a capa da revista VEJA desta semana expõe nossa maior realidade. O que todos nós sabemos, mas não ousamos afirmar! Cadê o respeito à nossa Constituição? Como exigir que o povo cumpra as determinações ali contidas se a elite assim não o faz? Mas isso não é novidade. Isso sempre ocorreu, desde o início dos tempos.

O que é novo é a constatação vir do próprio Presidente da República. Ao afirmar que "O senador tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum", o Presidente escancara em nossas cara que aqui não existe democracia, aqui não existe justiça cega e que aqui "manda quem pode, obedece quem tem juízo". E é assim... Fica por isso mesmo... Pois essa ótima reportagem daqui a alguns dias servirá para "embrulhar peixe", brasileiro tem memória curta, etc...

São tantas justificativas para que as coisas continuem como estão que eu ficaria o resto do dia transcrevendo-as aqui. Mas o ponto que quero questionar aqui é: hoje com o acesso que o povo tem (pela TV, rádio e internet) sobre as denúncias e situações ocorridas em nossas Casas Legislativas, com as atitudes dos nossos representantes, há condições de julgar e questionar os políticos nas próximas eleições? Já temos experiência e elementos suficientes para sabermos votar?

Sempre vimos que os estudiosos pensam diferente de nós, povo comum, que eles têm uma forma superior de interpretar as questões no momento em que ocorrem. Mas não, hoje eles não estão mais tão distante, ou melhor, seus pensamentos não diferem tanto dos nossos próprios, pois as informações estão aí, disponíveis a todos. Atualmente não há a necessidade de buscar informações, ela entra em nossas casas diariamente, e não temos como não absorve-las.

Neste caso nos resta indagar: A visão dos estudiosos ainda é diferente da nossa?

FIQUE DE OLHO!!!

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